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China registra casos e teme 2ª onda; América Latina supera 80 mil mortes

Autoridades de Pequim afirmam que situação epidêmica é "extremamente grave" após o registro de 27 novos contágios pelo novo coronavírus

Publicado por: , em 16/06/2020 - Categoria: MUNDO

Tempo de leitura: 3 minutos

China teme segunda onda do vírus. Foto: STR / AFP

A situação epidêmica em Pequim é “extremamente grave”, afirmaram as autoridades municipais, que informaram 27 novos contágios na capital da China, enquanto a pandemia segue em propagação na América Latina e a Europa retorna com prudência a uma relativa normalidade.

Há cinco dias, Pequim tem mais de 100 pessoas infectadas, a maioria delas vinculadas ao grande mercado atacadista de Xinfadi, na zona sul da capital, que foi fechado.

Pequim, que tem 21 milhões de habitantes, está em uma “luta contra o relógio” diante do novo coronavírus, afirmou o porta-voz da prefeitura, Xu Hejian.

As autoridades confinaram os moradores de 30 zonas residenciais da cidade, fecharam escolas e centros de lazer e organizam quase 90.000 teste de diagnóstico por dia, enquanto aumenta o temor de uma “segunda onda” no país em que surgiu a pandemia, em dezembro.

O resto do planeta, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), observa a China com lupa e com preocupação, como se fosse um espelho que reflete o que poderia acontecer em seus territórios em um futuro próximo.

– Mais casos no Brasil que em toda Ásia –

O novo coronavírus matou mais de 436.000 pessoas no mundo e infectou mais de oito milhões, de acordo com um balanço da AFP baseado em dados oficiais.

A América Latina, onde a epidemia avança com força, registra 81.140 mortes e mais de 1,6 milhão de contágios. O Brasil é o país mais afetado da região, com quase 44.000 mortes e mais de 888.000 contágios confirmados, um balanço que só não é maior do que o dos Estados Unidos.

A modo de comparação, os contágios no Brasil, país de 212 milhões de habitantes, superam os registrados em toda Ásia, que alcançam 865.013.

No México, onde o governo considera que o pior já passou e que iniciou a retomada das atividades, o balanço é de 17.580 vítimas fatais e 150.264 casos confirmados.

No Peru, com mais de 6.800 mortes, o novo coronavírus provocou uma queda histórica de 40,49% em ritmo anual do PIB em abril, anunciou o governo, que autorizará em breve a reabertura dos centros comerciais.

O Equador, com 47.000 contágios e quase 4.000 mortos, decidiu prorrogar por mais 60 dias o estado de exceção em vigor desde março.

A pandemia virou um terreno fértil para os boatos e desinformação. Na Bolívia, moradores de três localidades destruíram na segunda-feira quatro antenas de telecomunicações por acreditar que eram de tecnologia 5G, associada equivocadamente à transmissão do novo coronavírus.

A Autoridade de Fiscalização e Controle de Telecomunicações (ATT) divulgou um comunicado para explicar que a tecnologia 5G não funciona no país e desmentir que esteja relacionada com o coronavírus.

– 350 milhões de pessoas em risco –
Na Europa, países como Alemanha, França, Bélgica e Grécia suspenderam na segunda-feira as restrições de circulação para viajantes dentro da União Europeia por considerar que a pandemia está sob controle.

A Nova Zelândia, onde na semana passada as autoridades anunciaram que não havia mais casos de coronavírus no país e suspenderam as restrições, registrou nesta terça-feira dois novos casos, os primeiros em 25 dias, em pessoas que chegaram do Reino Unido.

Nos Estados Unidos, país mais afetado do planeta pela COVID-19 com mais de 116.000 mortes e 2,1 milhões de contágios, a pandemia passou do nordeste para o sul e o oeste.

Mais de 10 estados reportaram nos últimos dias o maior número de novos contágios desde o início da pandemia. Este é o caso de Oklahoma, onde o presidente Donald Trump, desafiando críticas, planeja organizar um comício eleitoral com dezenas de milhares de pessoas no próximo fim de semana.

Nas últimas 24 horas, Estados Unidos registraram menos de 400 mortes por coronavírus, mas o número de novos contágios por dia se aproxima de 20.000.

Um estudo britânico publicado nesta terça-feira concluiu que 1,7 bilhão de pessoas, ou seja, 22% da população mundial, apresentam ao menos um fator de risco que as torna mais suscetíveis a contrair uma forma grave de COVID-19.

Entre estas, 349 milhões de pessoas estão particularmente expostas e precisariam ser hospitalizadas em caso de contágio com o novo coronavírus.

De acordo com o britânico Angus Deaton, prêmio Nobel de Economia, a pandemia revelou as enormes desigualdades no mundo, que podem ser agravadas ainda mais.

Ele disse que a pandemia de coronavírus é como um “raio X que torna ainda mais visíveis as desigualdades pré-existentes”.