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Grávidas relatam os efeitos colaterais que sentiram após vacina da Astrazeneca

Reações como calafrios, sensação febril e dor de cabeça são consideradas muito comuns pela bula da vacina

Publicado por: , em 12/05/2021 - Categoria: SAúDE E BEM-ESTAR

Tempo de leitura: 5 minutos

Reações leves após a vacinação não são consideradas incomuns, mas requerem cuidado caso persistam | Foto: Pexels

A suspensão da aplicação da vacina contra Covid-19 produzida pela Astrazeneca em gestantes ocorreu, nessa terça-feira (11), devido ao registro da morte de uma grávida por acidente vascular cerebral (AVC) depois de tomar a vacina. A ocorrência é investigada pelo Ministério da Saúde e pode não ter qualquer relação com o imunizante. Ainda assim, a bula da vacina traz uma série de possíveis efeitos colaterais da vacinação, como dor no corpo, calafrios, dor de cabeça e sensação febril, que são considerados muito comuns e que, na avaliação da própria bula, não devem preocupar a não ser que persistam por mais dias. Vacinadas um dia antes da suspensão do uso do imunizante, gestantes relatam o que sentiram depois de receber a dose.

Após meses trabalhando presencialmente em uma loja de acessórios para celular no Centro de Betim e de ter Covid-19 nos primeiros meses de gestação, a vendedora Carla Melo, 33, grávida há quase oito meses, decidiu tomar a vacina na segunda-feira (10), assim que o posto de saúde perto de casa liberou as doses. Horas depois, na noite do mesmo dia, ela conta que já não conseguia levantar da cama, tamanha intensidade dos calafrios que sentia. Pela bula do imunizante, calafrios acompanhados por tremores ou rigidez não são incomuns.

“Tive febre e calafrios fortíssimos, não conseguia levantar da cama nem para fazer xixi, e senti muita dor de cabeça, enjoo e dores nas juntas do corpo todo. Fiquei com muito medo. Eu tive Covid entre o terceiro e o quarto mês da gestação e meu cunhado foi intubado com a doença na última semana. Pensei que os efeitos da vacina seriam poucos e que seria melhor tomar do que pegar o vírus de novo”, detalha Carla. Na manhã desta quarta-feira (12), ela diz já estar bem-disposta e apenas com algumas dores no corpo.

O presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Agnaldo Lopes, alerta que as reações mais comuns descritas na bula da vacina não devem ser motivo de preocupação, a não ser que persistam — como uma dor de cabeça que estenda por dias. Ele também pontua que qualquer medicamento ou imunizante traz o risco de efeitos colaterais. “Mesmo que a relação entre a vacina e o óbito seja aprovada, seria um evento grave, mas raro. A grande maioria das gestantes não vai ter isso, então a primeira questão é tranquilizar quem já tomou a vacina.  Aplicamos o imunizante em milhões de pessoas que estão saudáveis, então qualquer dor de cabeça, qualquer problema, é interpretado como malefício por elas”, diz.

Cerca de 15 mil gestantes receberam a primeira dose da Astrazeneca no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Ao mesmo tempo, só em Minas Gerais, os dados mais atuais da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), informam que, até o dia 5 de maio, 61 gestantes morreram por Covid-19, 45 delas em 2021.

Tranquilidade

A promotora de vendas Lily Souza, 25, no nono mês de gestação, se vacinou na segunda-feira com o imunizante da Astrazeneca e diz não sentido mais do que uma dor de cabeça e no local da aplicação da vacina. “A dor no braço era como acontece com outras vacinas, e a dor de cabeça foi leve, nada assustador. Eu trabalhava presencialmente em farmácia até poucos meses atrás e a cabeça ficava a mil, porque muita gente ia fazer teste de Covid-19 lá e algumas pessoas tinham resultado positivo”, explica. Em março deste ano, seus pais e seus sogros tiveram a doença, mas todos se recuperaram bem.

A promotora de vendas Patrícia Rodrigues, 37, também não teve reações fortes após a vacinação, somente uma queda brusca de pressão um dia depois de receber, o que não sabe se tem relação com a dose. A bula da vacina diz que a tonteira é considerada grave se combinada a fatores como alteração dos batimentos cardíacos, falta de ar e inchaço dos lábios, que podem indicar uma reação alérgica ao imunizante e demandam atendimento médico imediato.

“A médica orientou que eu tomasse a vacina e estou tranquila sobre isso. Não tem como ‘puxar a vacina de volta’ , já tomei. Eu acompanho as notícias e vi que tem muita gestante morrendo de Covid-19, então fiquei preocupada com a doença”, resume.

O que diz a bula da vacina

A bula do imunizante da Astrazeneca, compartilhada publicamente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), lista as reações que podem acompanhar a vacinação.

Muito comuns (podem afetar mais de uma em cada dez pessoas):

  • sensibilidade, dor, sensação de calor, coceira ou hematoma (manchas roxas) onde a injeção é administrada;
  • sensação de indisposição de forma geral;
  • sensação de cansaço (fadiga);
  • calafrio ou sensação febril;
  • dor de cabeça;
  • enjoos (náusea);
  • dor nas articulações ou dor muscular.

Comuns (podem afetar até uma em cada dez pessoas):

  • inchaço, vermelhidão ou um caroço no local da injeção;
  • febre;
  • enjoos (vômitos) ou diarreia;
  • sintomas semelhantes aos de um resfriado, como febre acima de 38 °C, dor de garganta, coriza (nariz escorrendo), tosse e calafrios;

Incomuns (podem afetar até uma em cada cem pessoas):

  • sonolência ou sensação de tontura;
  • diminuição do apetite;
  • dor abdominal;
  • linfonodos (ínguas) aumentados;
  • sudorese excessiva, coceira na pele ou erupção na pele.

Muito raras (observados em menos de uma a cada 100 mil pessoas vacinadas):

  • coágulos sanguíneos importantes em combinação com níveis baixos de plaquetas no sangue (trombocitopenia). Com essa condição, pode haver sangramentos leves ou graves. Uma trombose ocorre quando um coágulo de sangue bloqueia vasos sanguíneos.

Desconhecidas (não podem ser calculada a partir dos dados disponíveis):

  • reação alérgica grave (anafilaxia);
  • inchaços graves nos lábios, face, boca e garganta (que podem causar dificuldade em engolir ou respirar).

Matéria replicada do portal: O TEMPO