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Pesquisa da UFV avalia relação entre clima e a Covid-19 no mundo

Trabalho começou no início da pandemia e os pesquisadores analisaram dados climáticos, econômicos e de disseminação da doença em 52 países, entre 31 de dezembro de 2019 a 13 de abril de 2020.

Publicado por: , em 12/04/2021 - Categoria: ZONA DA MATA

Tempo de leitura: 4 minutos

Campus da Universidade Federal de Viçosa — Foto: UFV/Divulgação

Uma pesquisa da Universidade Federal de Viçosa (UFV) avaliou a relação entre o clima e a Covid-19 no mundo. O objetivo foi contribuir para o melhor entendimento da doença durante as estações.

O trabalho foi feito por pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Genética e Melhoramento (PPGGM) da instituição.

“Nós somos pesquisadores que lidamos com estatística e estávamos interessados em oferecer alguma compreensão sobre a pandemia, por isso nos juntamos para responder a estas perguntas”, explicou Luiz Alexandre Peternelli, um dos autores do artigo publicado recentemente na Revista Científica One Health, especializada em saúde.

trabalho começou no início da pandemia e os pesquisadores analisaram dados climáticos, econômicos e de disseminação da Covid-19 em 52 países, entre 31 de dezembro de 2019 a 13 de abril de 2020.

Pesquisa

De acordo com a UFV, os dados analisados cobrem períodos de verão e início do outono no hemisfério sul; e inverno e início de primavera no hemisfério norte. Além do efeito da temperatura, umidade relativa e índice de radiação, os pesquisadores também levaram em consideração as taxas de contágio da Covid-19, conhecida como R0 e o Índice Global de Segurança em Saúde (GHS).

Segundo Bruno Leichtweis, primeiro autor do trabalho e doutorando do PPGGM, os resultados indicam que existe uma relação entre a taxa de propagação da doença com a temperatura e, principalmente, com a radiação solar. Porém, o principal resultado encontrado foi em relação à capacidade dos países em detectar e responder a um surto emergente no controle do novo coronavírus.

“Países que estão mais preparados para o enfrentamento da pandemia apresentaram um maior controle da disseminação naquele período estudado, e não sofreram com influência do clima. Os que estão menos preparados, têm uma taxa de propagação muito maior e também são influenciados pelas variáveis climáticas”, explicou Bruno.

Já o professor Felipe Lopes Silva, esclareceu que países com menores temperaturas apresentaram maiores taxas de contágio da doençaPortanto, há sim uma relação com períodos mais frios, mas depende de como os países lidam com as baixas nos termômetros.

“Países mais desenvolvidos sofrem menos impactos climáticos em mudanças de estação por serem melhor estruturados. Isso equilibra os efeitos de variação climática, o que não ocorre em países com menos acesso a estes recursos”, complementou.

Os pesquisadores chegaram a conclusão que as políticas públicas de contenção a doença, investimentos na área da saúde e preparo do país foram mais importantes para a contenção da disseminação da Covid-19 que os fatores climáticos.

“Nós agrupamos os países que apresentavam semelhanças entre as variáveis estudadas. Os que tinham os mais altos valores do índice GHS não sofriam diferença na taxa de transmissão R0, mesmo havendo diferenças climáticas entre eles. Já os que foram agrupados com baixos valores do índice GHS, sofreram mais com as alterações climáticas”, finalizou Felipe Lopes.

O trabalho contou com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Matéria replicada do portal: G1 Zona da Mata