Revista Fato

menu Menu

Abrasel pede fim da proibição de bebida alcoólica em bares em reunião com a PBH

A prefeitura da capital prometeu avaliar a demanda, mas ressaltou que, com os índices do coronavírus em alta, a restrição é necessária

Publicado por: , em 07/12/2020 - Categoria: ECONOMIA

Tempo de leitura: 4 minutos

Reabertura de bares em BH

Donos de restaurantes e bares pedem mais fiscalização em vez de proibição de consumo de álcool | Foto: Alexandre Mota

A proibição do consumo de bebida alcoólica nos bares e restaurantes de Belo Horizonte foi tema de uma reunião realizada nesta segunda-feira (7), dia em que a medida entra em vigor, entre representantes da prefeitura e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG). No encontro, a entidade que representa o setor apresentou os impactos da restrição aos estabelecimentos, solicitou a revogação do decreto e sugeriu a realização de uma campanha educativa. A prefeitura ficou de avaliar a proposta até o final desta semana, mas já adiantou que a alta dos indicadores do coronavírus ainda não permitem a suspensão da nova regra.

“Os bares e restaurantes de Belo Horizonte estavam até este momento respirando com a ajuda de aparelhos, mas o decreto desligou um desses aparelhos. No dia 20, temos a parcela do 13º vencendo, temos o salário em janeiro, e os bares e restaurantes não terão condições de pagar essas despesas. Temos casos de salários de garçons que vão ser presos porque não conseguem pagar a pensão alimentícia dos filhos. Entendemos que a situação da saúde é grave, mas é preciso encontrar uma solução em conjunto”, afirma o presidente da Abrasel-MG, Matheus Daniel.

Segundo ele, a entidade e empresas do setor estão dispostas a colaborar por meio de campanhas de conscientização para a redução dos números da Covid-19. “Para esse feriado de 8 de dezembro, os restaurantes estavam com os estoques lá em cima. Agora os insumos vão se perder e, mais uma vez, o setor será prejudicado”, diz.

Participaram da reunião os secretários municipais de Planejamento, André Reis; da Fazenda, Antônio Fleury; e de Desenvolvimento Econômico, Cláudio Beato, além do presidente da Belotur, Gilberto Castro, e outros representantes do município. Conforme Matheus Daniel, os secretários se comprometeram a apresentar as reivindicações da Abrasel-MG ao comitê de saúde da prefeitura e a dar uma posição até a próxima quarta-feira (9). Até lá, a entidade não vai judicializar a questão.

Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que vai avaliar a demanda até o final de semana, mas ponderou que “os índices em crescimento ainda não permitem a suspensão da restrição do consumo de álcool em bares e restaurantes”. Em nota, o município afirmou, ainda, que, se os indicadores do coronavírus continuarem a subir, “a suspensão de atividades prosseguirá de forma a aumentar o isolamento social”.

Nesta segunda-feira, os índices subiram novamente, segundo o boletim epidemiológico da prefeitura. O Rt, que mede o número médio de transmissões por infectado, está em 1,09, ante 1,06 no boletim anterior, de sexta-feira (4). A taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 passou de 50,6% para 54,5%. Apenas a ocupação de leitos de enfermaria para coronavírus permaneceu estável, em 47,9%.

Restaurantes e bares preveem prejuízos

No restaurante Soriano, no bairro Funcionários, na região Centro-Sul da capital, o chef Fred Curi estima que as bebidas alcoólicas representam em torno de 40% das vendas. “Nossa casa é especializada em carnes, e todo o cardápio é harmonizado com bebidas. O pessoal acaba deixando de ir ao restaurante porque não tem bebida e opta por ficar em casa, onde tem essa liberdade”, afirma. “Acho que, seguindo rigidamente os protocolos, não é a bebida que vai atrapalhar”, diz.

Segundo Fred, o Soriano estava cumprindo todas as normas estabelecidas pela prefeitura para o controle do coronavírus, como o distanciamento entre os clientes e o limite de quatro pessoas por mesa. Com o movimento 50% menor em comparação com antes da pandemia, a maioria dos funcionários está com contrato de trabalho suspenso, e parte, com a jornada e o salário reduzidos, mas ninguém foi demitido. “Agora tudo fica mais complicado. Pelo andamento da questão do vírus, acho que o prefeito não vai voltar atrás em relação à bebida e acredito que pode tornar a fechar a cidade toda”, afirma.

No Assacabrasa, o faturamento estava em 70% do que era antes da pandemia, mas, agora, com a proibição do consumo de bebida alcoólica, a expectativa é de que as vendas, na parte da noite, diminuam em torno de 80% em relação ao período atual, segundo a sócia-fundadora, Miriam Furtado. Na avaliação dela, apenas o movimento do horário de almoço, de segunda a quinta-feira, não deve ser impactado pela medida.

“Nós tínhamos uma esperança muito grande em relação a dezembro, com os encontros de amigos e de empresas, de que poderíamos ter uma compensação de tudo o que deixamos de faturar durante o ano e, de repente, nossa esperança foi por água abaixo”, diz Miriam, ressaltando que espera que as vendas por delivery cresçam novamente a partir de agora.

Segundo ela, antes da pandemia, havia oito unidades do Assacabrasa em Belo Horizonte. Uma foi fechada definitivamente e outra não chegou a ser reaberta neste período. “Agora, tudo indica que vamos ter que encerrar as atividades da unidade da Savassi durante a noite, porque as pessoas buscam ali como bar. O certo seria se a fiscalização da prefeitura fechasse os estabelecimentos que não estão cumprindo os protocolos”, avalia.

Fiscalização

Entre sexta-feira (4) e esta segunda-feira, os fiscais de controle urbanístico e ambiental da prefeitura interditaram 11 bares e outros estabelecimentos que descumpriram as normas contra a Covid-19. Além disso, três bares foram multados em R$ 17.614,17 por descumprimento da interdição.

Matéria replicada do portal O Tempo