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Congresso promulga emenda, e Fundeb permanente receberá mais verba da União

Texto amplia gradualmente destinação de verbas federais dos atuais 10% para 23%, a partir de 2026. Líder diz que governo fará regulamentação com agilidade.

Publicado por: , em 26/08/2020 - Categoria: POLíTICA

Tempo de leitura: 7 minutos

O Congresso Nacional promulgou nesta quarta-feira (26) a emenda constitucional que torna permanente o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e aumenta gradativamente o repasse de dinheiro da União para o fundo.

O texto passou pela Câmara no mês passado e, nesta terça-feira (25), foi aprovado por unanimidade no Senado. Os senadores mantiveram o mesmo teor da proposta aprovada pelos deputados.

Entre outros pontos, a emenda prevê a ampliação gradual da participação da União no Fundeb, de forma a chegar a 23% a partir de 2026. Atualmente, essa complementação financeira do governo federal está em 10% sobre o valor arrecadado por estados e municípios.

“Hoje certamente é um dia muito especial para o Congresso Nacional, mas principalmente para milhões de brasileiros que passam a ter na Constituição Federal a garantia da priorização da educação pública no nosso país”, afirmou na solenidade de promulgação o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Convidado pelo Senado para comparecer à solenidade, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, não compareceu. Procurado, o Ministério da Educação ainda não informou o motivo da ausência.

https://g1.globo.com/globonews/jornal-globonews-edicao-das-10/video/presidente-do-todos-pela-educacao-sobre-aprovacao-do-fundeb-reduz-a-desigualdade-8805892.ghtml

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A emenda

Atualmente, a União complementa o Fundeb com 10% adicionais sobre o valor total arrecadado por estados e municípios. A emenda constitucional prevê uma escala de crescimento:

https://g1.globo.com/globonews/jornal-globonews-edicao-das-18/video/cris-lobo-batalha-pela-educacao-nao-se-encerra-na-aprovacao-do-novo-fundeb-8804212.ghtml

(Click no link e veja Cris Lôbo: ‘Batalha pela educação não se encerra na aprovação do novo Fundeb’)

Salários

A emenda estabelece que pelo menos 70% do Fundeb seja usado para o pagamento de salários de profissionais da educação. Hoje, o percentual é mais baixo (60%), mas se refere apenas aos salários de professores.

O texto proíbe o uso dos recursos do Fundeb para pagamento de aposentadorias e pensões, e faz o mesmo com o salário-educação – outra fonte de recursos para a educação básica, cobrada como uma contribuição social sobre os salários pagos pelas empresas.

https://g1.globo.com/globonews/jornal-globonews-edicao-das-10/video/fundeb-foi-um-grande-exemplo-de-falta-de-acao-do-governo-afirma-ana-flor-8802842.ghtml

(Click no link e veja ‘Fundeb foi um grande exemplo de falta de ação do governo’, afirma Ana Flor)

Distribuição ‘híbrida’

No modelo atual, o Fundeb é distribuído com base nos dados dos 26 estados e do Distrito Federal. O dinheiro é repassado a fundos estaduais para, só então, ser distribuído às prefeituras por critérios internos.

O novo texto prevê um modelo híbrido, que também leva em conta a situação de cada município para os cálculos e os repasses. A ideia é corrigir distorções do modelo vigente, que levam cidades ricas em estados pobres a receberem reforço – e cidades vulneráveis de estados ricos a ficarem sem complementação.

A distribuição dos 23% de complementação da União no fundo, após seis anos, será dividida em três. Ficará assim:

  • 10 pontos percentuais seguirão as regras atuais de distribuição, para os estados mais pobres que recebem o complemento da União para atingirem o padrão mínimo de valor anual por aluno;
  • 10,5 pontos percentuais serão distribuídos para redes públicas de ensino municipal, estadual ou distrital que não atingirem o valor anual total por aluno (VAAT), parâmetro de distribuição criado com base na capacidade de financiamento das redes de ensino, sendo que metade do montante deve ser destinado à educação infantil. É nesse montante que haverá uma trava para investimentos de 15%;
  • 2,5 pontos percentuais serão distribuídos com base na evolução dos indicadores de atendimento e melhoria da aprendizagem com redução das desigualdades. Esse percentual será implementado, gradativamente, a partir do terceiro ano de vigência do texto.

https://g1.globo.com/globonews/jornal-globonews-edicao-das-16/video/miriam-leitao-sobre-aprovacao-do-fundeb-vitoria-dos-que-se-esforcam-pela-educacao-8718614.ghtml

(Click no link e veja Miriam Leitão sobre aprovação do Fundeb: ‘Vitória dos que se esforçam pela educação’)

Outros pontos

A emenda prevê, como forma de controle e transparência, a obrigatoriedade de disponibilização de informações e dados contábeis, orçamentários e fiscais por todos os entes federados, os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico e de amplo acesso ao público.

Segundo o texto, também deve ser garantida a participação da sociedade nos processos de formulação, monitoramento e avaliação de políticas sociais na educação.

A emenda constitucional diz ainda que o padrão mínimo de qualidade do ensino, a ser garantido pela União com repasses financeiros aos governos, deve ter como referência o custo-aluno qualidade (CAQ).

O CAQ é um parâmetro de financiamento educacional previsto no Plano Nacional de Educação (PNE) que define qual deve ser o investimento por aluno para garantir a qualidade na educação.

O PNE foi aprovado em 2014 mas, passados seis dos dez anos previstos para o cumprimento das metas, o Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Educação (CNE) ainda não estabeleceram a fórmula de cálculo ou o valor do CAQ.

Matéria replicada do G1 POLÍTICA