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Especialistas da OMS viajam à China para investigar origem da Covid-19

Epidemiologista e especialista em saúde animal fazem parte de equipe inicial que definirá rumo da investigação

Publicado por: , em 10/07/2020 - Categoria: SAúDE E BEM-ESTAR

Tempo de leitura: 2 minutos

Em Wuhan, estudantes chegam a centro onde vestibular chinês foi aplicado | Foto: STR / AFP / 7-7-2020

GENEBRA — A equipe criada pela Organização Mundial da Saúde para investigar as origens do novo coronavírus embarcou para a China nesta sexta-feira, anunciou a porta-voz da organização. O escopo do trabalho ainda será definido, mas a viagem ocorre um dia após a OMS anunciar a formação de uma comissão independente para avaliar a resposta internacional à pandemia de Covid-19.

Os dois investigadores da OMS, especialistas em saúde animal e epidemiologia, trabalharão com cientistas chineses para determinar a abordagem e os rumos da investigação, disse Margaret Harris, representante do braço da ONU responsável pela saúde. Durante a visita à China, serão negociados assuntos que dizem respeito a quem serão os outros integrantes da equipe investigativa e quais habilidades deverão possuir:

— Uma das grandes questões que todos estão interessados em saber e, claro, é por isso que estamos mandando um especialista em saúde animal, é entender se o vírus passou ou não de um animal para os humanos e, se sim, de qual espécie [do animal] — disse Harris, em Genebra.

De acordo com a porta-voz, o Sars-CoV-2 é bastante similar ao coronavírus encontrado em morcegos, mas é necessário entender também se teve algum hospedeiro intermediário antes do vírus ser transmitido para seres humanos — uma das teorias mais aceitas neste momento.

Acredita-se que paciente zero tenha se contaminado no final de 2019 no mercado central da cidade de Wuhan, capital da província central de Hubei. Os primeiros casos de Covid-19 foram oficialmente notificados à OMS no dia 31 de dezembro, mas testes retroativos apontam que o microorganismo já circulava em diversos países ocidentais meses antes, inclusive no Brasil.

A criação de uma equipe investigativa havia sido anunciada em 30 de junho pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. De acordo com o médico, conhecer a origem do vírus é “muito, muito importante” porque permitirá combatê-lo de maneira mais eficiente.

O governo dos Estados Unidos vinha pressionando para que houvesse uma investigação da origem do coronavírus. Em diversas ocasiões, representantes da alta cúpula de Washington afirmam sem provas que o vírus teria surgido em um laboratório de Wuhan, algo que a OMS e cientistas afirmam não ter quaisquer indícios de ser verdade.

A insistência americana em culpar Pequim pela pandemia é a justificativa central de sua saída da OMS, notificada formalmente na última terça. Os EUA acusam o braço da ONU de ser pró-Pequim, no que analistas dizem ser uma tentativa de desviar a culpa pela gravidade da pandemia em solo americano, onde os casos de Covid-19 passam de 3,1 milhões.

A viagem da equipe investigativa veio um dia após o anúncio da criação da comissão independente para avaliar a resposta da OMS à pandemia. Segundo Harris, a organização não terá nenhuma interferência no trabalho do grupo, que será liderado pela ex-primeira-ministra neozelandesa Helen Clark e pela ex-presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf.