Revista Fato

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Foto: Arquivo Pessoal

O Festival de Teatro de Ubá que teria sua décima edição comemorativa realizada em 2020, teve seu sonho cancelado pela pandemia. Em 2021 um documentário foi lançado contando a história do evento que volta aos palcos em 2022.

Interessados em ampliar a cena artística teatral ubaense, o Movimento Teatral de Ubá (MTU), promoveu em 2011 a primeira edição do FETUBA – Festival de Teatro de Ubá. O evento veio criar plateia, popularizar a arte, promover o turismo e o intercâmbio e familiarizar a sociedade com atividades artístico-culturais. O FETUBA também veio na época, suprir a lacuna deixada pelo fim da Mostra Vicenzia de Teatro, que por 6 anos havia abrilhantado culturalmente a cidade. O projeto FETUBA foi criado pela diretora de teatro, atriz e produtora cultural Roberta Silva e produzido pelo seu esposo Fabiano Martins, também diretor, produtor e ator. O casal decidiu investir no projeto e convidou os grupos de teatro da cidade para participar da execução do mesmo. Assim nasceu o MTU (Movimento Teatral de Ubá), os grupos já trabalhavam em parceria, mas se uniram mais em prol da causa FETUBA. Na primeira edição estavam na produção os grupos Companhia dos Atores do Brasil (CAB), Cia. de Teatro Rastro dos Astros, Grupo Risada Livre Show e Cia. Regional Jovem Atores (CORJA). O evento realizado em 2011 conseguiu reunir em Ubá, 12 grupos teatrais de 8 cidades dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. “Sinceramente os resultados foram bem melhores do que a gente imaginava, e ali a gente entendeu, que aquilo era um compromisso que a gente tinha assumido com a nossa utopia, e com todo mundo que embarcou nessa viagem” (Fabiano Martins) O FETUBA é um movimento coletivo. Diferente de outros locais onde existe rivalidade, em Ubá os grupos de teatro são muitos unidos. “Foi nossa união que ergueu esse evento, e procuramos cultivar esse movimento durante o festival. O evento é muito mais do que um festival competitivo. Nosso formato já serviu de inspiração para criação de outros festivais e grupos que se conheceram aqui fizeram intercâmbio de trabalho visitando um a cidade do outro” (Aurélio Pimenta) Ao longo de 10 anos de evento, que se não fosse a pandemia seriam comemorados em 2020, o FETUBA tem muitas histórias para contar. Em 2021 a Associação Mutum, entidade que hoje ampara o FETUBA, produziu o documentário “FETUBA 10 anos – Edição Memórias” roteirizado por Roberta Silva criadora do festival. Em 2022, a edição AMOR homenageia o casal Sueli Sanseverino e Cassiano Camisão, membros da Mutum Cia. Teatral e da coordenação do FETUBA, ambos com uma longa carreira teatral não só como atores, mas como fazedores de cultura em Ubá. São 10 anos de história, existência e resistência, e pra um festival do interior o FETUBA cresceu de uma maneira que não se imaginava. Na edição 2019 a produção relata que foram quase 100 espetáculos inscritos dos quais 26 se apresentaram durante o evento entre concorrentes e convidados. O evento é produzido pelos artistas da cidade de Ubá e não por uma empresa produtora cultural. Funciona em modelo de intercâmbio colaborativo, e por ser um evento independente e não possuir patrocínio de grande porte, o festival ainda não oferece cachê ou ajuda de custo aos artistas. O evento faz parte do Circuito Minas de Teatro de festivais do interior. Estes festivais geralmente são produzidos e custeados com doações dos próprios artistas locais em colaboração com os artistas visitantes. Todos doam dinheiro e trabalho para promover intercâmbio como forma de resistência artística. Por estarem no interior, o fluxo de espetáculos é menos constante, e os artistas precisam de reciclagem profissional e de ampliar sua rede de contato, desta forma, realiza-se esse trabalho colaborativo. O evento já tem caráter internacional. “Muitos grupos vêm ao nosso evento pois os circuitos fora do eixo tem sido um grande núcleo de investigação teatral, bem como ambiente de intercâmbio e resistência da arte independente. A classe teatral é muito sofrida, principalmente no interior. Se a gente não se junta, as conquistas de políticas públicas em prol da cultura ficam difíceis. Minas Gerais tem um movimento teatral muito forte”. (Lucas Menezes) Até 2019 o festival havia atendido a um público de mais de 20 mil pessoas, oferecendo espetáculos gratuitos a todas as idades. O festival trouxe quase 1000 artistas representantes de 114 grupos teatrais.

Entre os participantes se incluem os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Distrito Federal, Goiás, Bahia, Paraná, e os países de Angola e Moçambique no continente Africano. Depois do hiato de 2 anos ocorrido pela pandemia de codiv-19, a edição 2022 do evento promete. Serão 23 espetáculos, de 18 cidades dos estados de MG, RJ, ES, SP, DF, TO, PB, PE e Argentina além das apresentações locais da chamada Mostra Paralela. “A estrutura do evento vem se aprimorando ao longo dos anos. Hoje nós temos uma equipe de cerca de 50 pessoas. São profissionais de teatro que se dividem entre equipe administrativa de captação de recursos e prestação de contas, curadoria artística e banca de observadores, equipe de recepção e intercâmbio, equipe de produção cênica e outras. É pena que essa gente toda ainda trabalhe sem receber um centavo, assim como os artistas que vem se apresentar, é preciso valorizar a arte no nosso país”. (Cassiano Camisão) O FETUBA cresceu, e chegou a um patamar que precisa de um patrocinador de grande porte. Já faz alguns anos que a prefeitura municipal oferece certa estrutura ao evento, mas nem sempre foi assim, os primeiros anos foram erguidos na raça. Os artistas relatam que arrecadavam dinheiro nas ruas através de cortejos culturais e passando chapéu. Faziam rifas, vaquinhas, eventos, etc. “Não é fácil resistir. É preciso muita dedicação e amor. É preciso fé. A gente chegou aqui através de muito suor e lágrima. De noites sem dormir. A gente chegou aqui por acredita no poder do teatro. A gente chegou aqui porque acredita na luta, na fraternidade e na resistência. Somos grandes pra Ubá, muito maiores do que um dia imaginamos que seríamos”. (Sueli Sanseverino) Apesar do apoio da prefeitura e de alguns pequenos comerciantes, a maior parte dos recursos e da força de trabalho ainda vem dos artistas. A produção do evento quer que o empresariado local do polo moveleiro repense a sua forma de trabalhar o compromisso social, visto que a matéria prima do polo tem impacto direto na vida das pessoas e no meio ambiente. “Esperamos que as grandes empresas se envolvam mais em projetos que tratam de cultura, educação e do bem-estar social”. (Equipe FETUBA) Os produtores também anseiam pela construção de um teatro municipal de Ubá, pois as duas salas de teatro da cidade, a do Fórum Cultural e a do Espaço Cênico Mutum já não abrigam a grande plateia do festival, pois cada um destes espaços comporta apenas 100 lugares. O Festival de Teatro de Ubá comemora seus 10 anos com maestria, mostrando que é preciso muita força pra manter o teatro interiorano vivo. Fazer arte de excelência sem apoio ou estrutura, não é para qualquer um. Eles desejam que sua história de resistência sirva de exemplo para as próximas gerações. “Muita gente chama os festivais do interior de festivais de teatro amador. Podem nos chamar de amadores porque amamos o que fazemos, mas somos profissionais de teatro. Mas sem amar o que fazemos, a gente não fazia. A gente fez o primeiro festival com um saco cheio de moedas. E a gente passava pelas ruas cantando um versinho que dizia “Me dá 1 real pro festival” e o som de cada moedinha, era o som do nosso sonho se tornando real” (Roberta Silva) O 10º Festival de Teatro Ubá – FETUBA – Edição Amor, acontece de 19 a 24 de abril com apresentações no Fórum Cultural, no Espaço Cênico Mutum e na Praça São Januário em Ubá / Minas Gerais. Os espetáculos são gratuitos com retiradas de ingressos antecipados nos locais de apresentação. Programação e informações pelas redes sociais do evento.

SERVIÇO

O 10º Festival de Teatro Ubá – FETUBA – Edição Amor, acontece de 19 a 24 de abril com apresentações no Fórum Cultural, no Espaço Cênico Mutum e na Praça São Januário em Ubá / Minas Gerais. Os espetáculos são gratuitos com retiradas de ingressos antecipados nos locais de apresentação. Programação e informações pelas redes sociais do evento

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