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Mamografias podem apresentar alterações após vacina contra Covid-19

Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que as mulheres aguardem 4 semanas após a imunização com a 2ª dose para a reação vacinal não interferir nos resultados do exame

Publicado por: , em 09/07/2021 - Categoria: SAúDE E BEM-ESTAR

Tempo de leitura: 3 minutos

Foto: Hospital Santa Rita/ DIVULGAÇÃO

A vacina contra a Covid-19 pode provocar alterações em exames de mamografia e fazer com que as mulheres apresentem linfonodos (ínguas) nas axilas – uma reação vacinal que pode ocorrer em pacientes que recebem o imunizante. Por isso, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a Comissão Nacional de Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por imagem (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) estão recomendando aguardar quatro semanas depois da imunização com a segunda dose para que a reação vacinal não interfira em resultados de exames de mamografia, já que essas alterações correm o risco de serem erroneamente interpretadas como um sinal de tumores malignos.

“A alteração dos linfonodos perto das axilas, que podem aumentar, acontece de dois a cinco dias após a aplicação da vacina. É uma reação vacinal que pode ocorrer com qualquer vacina, como a do sarampo, varíola e da gripe. Porém, essa alteração nos exames de imagem pode nos levar a uma má interpretação. Por isso que existe essa recomendação para que as pacientes que foram vacinadas em um período menor do que 30 dias não sejam avaliadas com mamografia para não haver uma interpretação errônea do exame”, explica Kerstin Kapp, mastologista do Instituto Orizonti.

Segundo a mastologista, os estudos disponíveis atualmente mostram que a linfonodopatia axilar reacional pode acometer de 12% a 16% das pacientes vacinadas. “Os linfonodos aumentam por causa da vacinação. É uma reação da vacina, não é doença. Já que eles voltam ao normal entre 4 e 12 semanas após a segunda dose do imunizante, esse é o intervalo recomendado para fazer a mamografia”, orienta a médica.

Porém, ela ressalta que as mulheres que estão com os exames de mamografia atrasados não devem postergá-los por causa da vacinação. “Nesses casos, a chance de ter alguma coisa na mama é muito maior do que pegar algo relacionado com a Covid. A gente não recomenda que o rastreamento mamográfico seja interrompido nesse período de pandemia”, alerta.

Caso as mulheres ainda não tenham recebido vacina contra o coronavírus, elas podem fazer o exame antes da vacinação. De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, todas as mulheres acima de 40 anos devem fazer o exame de mamografia anualmente.

ESTUDOS – No documento com a recomendação da Comissão Nacional de Mamografia do CRB, da SBM e da Febrasgo, as entidades citam dois estudos realizados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos. Em um deles, os pesquisadores constataram que entre as pacientes que receberam a vacina da Moderna (imunizante ainda não utilizado no Brasil), a linfonodopatia axilar foi a segunda reação local relatada com mais frequência, com 11,6% dos pacientes apresentando após a primeira dose e 16,0% após a segunda dose, na faixa etária de 18 a 64 anos, cerca de 2 a 4 dias após a vacina.

No outro estudo, feito com pessoas que tomaram a vacina da Pfizer, a alteração não constava na lista de efeitos adversos, mas foi citada de forma espontânea em 64 casos no grupo que recebeu o imunizante, contra apenas dois casos no grupo placebo. A linfonodopatia foi observada cerca de 2 a 4 dias após a vacinação, durando em média 10 dias.

“Esses relatos de aparecimento e duração foram baseados no exame clínico, portanto, provavelmente as taxas de detecção pela mamografia sejam maiores. Dessa forma, embora ainda seja imperativo excluir malignidade mamária ou extramamária como causa de aumento unilateral dos linfonodos axilares, o diagnóstico de linfonodopatia reacional a vacina da Covid-19 deve ser considerada”, escrevem os especialistas no documento.

E para melhorar a avaliação desses casos, a SBM também orienta que os serviços de diagnóstico por imagem que executam mamografias incluam na coleta de informações das pacientes o status da vacinação, com data e lado do braço em que foi administrada a vacina, assim como o tipo do imunizante recebido.

 

Matéria replicada do portal: O Tempo