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Nada de salada ou frutas: consumo de doce e bebida alcoólica subiu na quarentena

Dos jovens adultos, na faixa etária de 18 a 29 anos, 63% estão consumindo chocolates e outros doces em dois dias ou mais por semana

Publicado por: , em 26/05/2020 - Categoria: SAúDE E BEM-ESTAR

Tempo de leitura: 3 minutos

Consumo de doces aumentou na pandemia | Foto: ANDRE FOSSATI

Por Paula Coura

Durante a quarentena, as pessoas têm comido mais doce, além de terem diminuído consumo de verduras e frutas. Essa é apenas uma das vertentes dos resultados divulgados pelo projeto “ConVid – Pesquisa de Comportamento”, que analisou como o isolamento social tem afetado a vida das pessoas na pandemia de coronavírus em todo o país.

Conforme o levantamento, durante a pandemia, o percentual de consumo de alimentos não saudáveis em dois dias ou mais por semana aumentou 5% para os embutidos e hambúrgueres; 4% para os congelados; e 6% para chocolates e outros doces.

A maior diminuição na alimentação saudável ocorreu para o consumo de verduras e legumes em cinco dias ou mais por semana. No total, 37% das pessoas que antes comiam frutas e verduras regularmente passaram a ser apenas 33% após a pandemia. O consumo de frutas, legumes e verduras em cinco dias ou mais por semana foi de apenas 13% entre os adultos jovens (18-29 anos); e na população de baixa renda, de 16%.

Ainda conforme o estudo, quase metade das mulheres está consumindo chocolates e outros doces em dois dias ou mais por semana durante a pandemia, representando um aumento de 7% em relação ao consumo antes da quarentena. Entre os adultos jovens, na faixa etária de 18 a 29 anos, 63% está consumindo chocolates e doces em dois dias ou mais por semana.

Bem-humorados, milhares de internautas relataram experiências inusitadas em relação à ansiedade por doces na quarentena. “Cheguei ao auge da vontade de comer doce na quarentena. Peguei adoçante sacarina e virei na boca”, postou um usuário do Twitter.

Cheguei no auge da vontade de comer doce na quarentena. Peguei adoçante sacarina e virei na boca

— Vitamina C oxidante (@jaogus7o) May 22, 2020

“Acho que que eu consumi mais doce e bolo durante essa quarentena do que na minha vida inteira”, confessou outro internauta do Twitter.

O estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi realizado em parceria com a UFMG e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No período de 24 de abril a 8 de maio de 2020, 44.062 indivíduos participaram da pesquisa.

Bebida alcóolica

Outro fator de alerta que a pesquisa revelou foi o aumento do consumo de bebida alcóolica. Do total dos entrevistados, 18% relatou aumento no uso de bebidas alcoólicas durante a pandemia, sendo o índice similar para homens e mulheres. O maior aumento (26%) no uso de bebidas alcoólicas ocorreu entre as pessoas de 30 a 39 anos, e o menor (11%) entre os idosos. O aumento do consumo de álcool foi associado à frequência de se sentir triste ou deprimido.

Segundo as conclusões do estudo, “o isolamento social geralmente é uma experiência difícil de ser enfrentada”. “A separação dos entes queridos, a perda de liberdade, a incerteza sobre a doença, e as mudanças nas atividades de rotina podem causar situações de angústia e depressão, gerando problemas à saúde mental. Além disso, mudanças nos estilos de vida e na adoção de hábitos não saudáveis podem provocar danos à saúde das pessoas”, alerta.

Diante desse cenário, explica Deborah Carvalho Malta, professora da Escola de Enfermagem da UFMG e uma das coordenadoras da pesquisa, “as pesquisas de comportamento são fundamentais para entendermos o contexto em que os brasileiros estão vivendo e promovermos ações para ajudá-los a desenvolver bons hábitos nesse momento”.

Matéria retirada no Portal O Tempo