Publicado por: Revista Fato, em 14/05/2020 - Categoria: CIDADE
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Os saltos expressivos no número de casos confirmados do novo coronavírus em Ubá – de 9 para 20 em um único boletim – e posteriormente, de 26 para 33 casos – fez com a cidade se destacasse em um comparativo a nível estadual. Entre os municípios mineiros com média de 130 mil habitantes – de acordo com o IBGE –, Ubá aparece em quinto lugar no ranking de pacientes positivos para a covid-19, antecedida apenas por Varginha, Teófilo Otoni, Muriaé e Pouso Alegre, a qual já registrou três óbitos pela doença. Enquanto isso, na lanterna está o município que faz divisa com Belo Horizonte, Vespasiano, onde curiosamente não foi identificado nenhum caso.
Segundo a secretária municipal de saúde, Dulcineia Perini, a primeira e maior elevação percentual nas confirmações, registrada no boletim do dia 6 de maio, deve-se a uma situação específica de transmissão em um mesmo núcleo familiar. No mais, a profissional afirma que os registros da doença já eram esperados, dessa forma, a administração vem se preparando para esse cenário há meses. “Ubá é a segunda maior cidade da Zona da Mata e possui características muito específicas por sua vocação econômica de polo moveleiro. Nosso primeiro decreto de emergência em saúde pública foi emitido em 16 de março. De lá para cá, muitas providências foram tomadas no sentido de capacitar nossos servidores, apoiar os prestadores de serviço (Hospitais e Casas de Saúde) no credenciamento de novos leitos, aumento no repasse para os Pronto Atendimentos dos Hospitais São Vicente de Paulo e Santa Isabel, aquisição de insumos, dentre outras ações internas”, pontua.
No entanto, em um quadro de transmissão comunitária, como o atual, cujo vírus já se instalou na cidade, a preocupação se dá de forma mais ampla, uma vez que a maior parte da micrrorregião não possui unidade hospitalar. Nas proximidades, Divinésia, Dores do Turvo, Guarani, Guidoval, Guiricema, Piraúba, Presidente Bernardes, Rodeiro e Tocantins estão entre os 20 municípios atendidos pelos hospitais ubaenses. De acordo com a Secretaria de Saúde, para toda essa população, estão disponíveis – exclusivamente no combate ao covid-19 – cerca de 30 leitos de UTI com respirador, soma que inclui os Hospitais Santa Isabel, São Vicente de Paulo, Casa de Saúde São Januário e Hospital São João Batista em Visconde do Rio Branco.
De acordo com Dulcineia, essa demanda é averiguada diariamente e, com a conclusão das obras na Casa de Oração – onde será o Centro de Triagem, conhecido popularmente como “hospital de campanha” – Ubá ganhará uma ampliação em seu número de atendimento. “Dentre os 30 leitos mencionados, 10 são novos e foram instalados no Hospital Santa Isabel. Por enquanto a ocupação é baixa e eles ainda são suficientes, isso é acompanhado dia a dia. Mas temos outros leitos da UTI geral com respiradores que não estão credenciados no combate à doença, entretanto, podem ser empregados para assistência caso haja necessidade”, diz ao explicar ainda que, na Casa de Oração, serão disponibilizados 210 leitos de monitoramento para pacientes que precisem somente de isolamento clínico, sem o uso de aparelho respirador.
Por mais que o poder público se esforce na tentativa de suprir a demanda, a secretária destaca que a sociedade precisa se conscientizar de que o único remédio eficiente contra o novo coronavírus é o isolamento. “Além das centenas de ações de enfrentamento a essa pandemia tomadas pela área da saúde, diversas outras medidas administrativas estão sendo adotadas pelo município visando proteger nossa comunidade. Agora, cabe às pessoas fazerem a parte delas. Proteger o grupo de risco, evitar sair de casa sem real necessidade, seguir as medidas de higiene, respeitar o uso de máscaras e fazer o máximo de distanciamento social possível são maneiras efetivas de controlar o avanço da doença. Contamos com a participação de todos nessa luta”, finaliza.
Recuperados no Estado
Quanto ao número de curados, um dos maiores questionamentos da população de Ubá nas emissões diárias dos boletins para Covid-19 no município, a Prefeitura de Ubá alega que o protocolo padrão adotado por Ubá é o mesmo de outras cidades do Brasil – que é o mesmo caso do Boletim Epidemiológico da Dengue, que também não apresenta o número de curados. Ainda de acordo com a Prefeitura, o Ministério da Saúde, apesar de divulgar os dados de recuperados, não informa quais são os protocolos usados para tal.
No início da tarde da última quinta-feira (14), o Governador do Estado, Romeu Zema, publicou uma nota em seu instagram que destaca o número de recuperados em Minas Gerais. Segundo Zema, 1.680 pessoas já estão curadas da Covid-19 em Minas Gerais e ainda reforçou: “Agradeço aos mineiros pelo comprometimento durante a pandemia e por estarem contribuindo de forma decisiva, tomando todos os cuidados necessários. Estamos conseguindo enfrentar o vírus com responsabilidade. A luta continua”.
No entanto, o Boletim Epidemiológico emitido pela Secretaria Estadual de Saúde nesta sexta-feira (15) – momento em que esta matéria está sendo editada – afirma que o Estado possui 1.956 pacientes recuperados (276 pessoas a mais que ontem). No total Minas Gerais possui 4.196 confirmações pela doença até o presente momento (incluindo os recuperados) e 146 óbitos. Porém, cabe ressaltar, que o Governo do Estado e o Ministério da Saúde não divulgam os parâmetros usados para constatação desses curados.
Destacamos ainda que há uma grande demora na atualização do Boletim do Estado em relação aos Boletins dos Municípios. Ubá por exemplo, no Boletim emitido pelas SES na data de hoje possui apenas 12 casos confirmados. No entanto, o município já confirmou, segundo a Prefeitura, 33 casos para Covid-19. Outras cidades também estão tendo esse atraso na atualização dos números.
Para conhecimento, vocês podem acessar o Boletim Epidemiológico do estado através deste link: https://www.saude.mg.gov.br/images/noticias_e_eventos/000_2020/Boletins_Corona/Boletim_Epidemiologico_COVID-19_15.05.2020.pdf