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‘Trinta dias (de lockdown) é o mínimo’, sugere infectologista do Comitê da PBH

Segundo o médico, medidas mais restritivas, como a restrição do horário de funcionamento dos serviços essenciais, estão sendo analisadas

Publicado por: , em 27/03/2021 - Categoria: SAúDE E BEM-ESTAR

Tempo de leitura: 3 minutos

Segundo infectologista do comitê da PBH, restrição do horário de funcionamento até mesmo dos serviços essenciais, estão sendo analisadas | Foto: Flávio Tavares

A solução para conter o avanço do coronavírus em Belo Horizonte, segundo o infectologista Carlos Starling, membro do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 em BH, é um lockdown de no mínimo 30 dias. Com praticamente todos os leitos da cidade com ocupação máxima e com pessoas à espera de UTI na capital, de acordo com o médico, medidas mais restritivas, como a restrição do horário de funcionamento até mesmo dos serviços essenciais, estão sendo analisadas.

“Trinta dias (de lockdown) é o mínimo para frear a evolução da doença. Estamos vivendo uma pressão muito grande com mais de 100% de ocupação dos leitos de terapia intensiva. Então, para responder a uma pressão dessa é coibindo e reduzindo ao máximo a mobilidade”, afirmou o médico.

Com praticamente toda a cidade fechada e com a permissão de funcionamento somente dos serviços essenciais desde o início do mês, segundo o infectologista, a Prefeitura da capital realiza um estudo para entender o deslocamento das pessoas na cidade. A ideia é limitar mais a circulação da população. Atualmente, o índice de isolamento na capital está em 47,5%. Já o tráfego de veículos continua apresentando picos de congestionamentos que quase superam os de dias úteis pré-pandemia. Nos últimos sete dias, depois que a cidade e outros municípios entraram na Onda Roxa do Minas Consciente e passaram a adotar o “toque de recolher”, o volume médio de veículos que circularam na região Centro-Sul de BH foi de 203.265 por dia. Isso significa que o trânsito na capital teve 73% do fluxo de veículos existente antes da pandemia.

“Estamos há duas semanas de contenção de mobilidade e muito provavelmente ficaremos mais tempo se o sistema continuar como está. Ainda é possível limitar mais, porque estamos observando muitos carros circulando. O setor de planejamento da Prefeitura está realizando um estudo para identificar para onde essas pessoas estão se locomovendo. O objetivo é entender esse deslocamento e avaliar o que mais pode ser feito”, explica. “Pode acontecer a restrição em termos de horários dos serviços essenciais”, pontuou o médico, que afirma que a situação atual poderia ter sido evitada.

“Chegamos a essa situação por uma banalização de cuidados das pessoas, aglomerações inadequadas, além da variante do vírus que pode estar contribuindo. BH vem adotado medidas restritivas bem antes de todo o país, isso desde o ano passado. Se todo o país estivesse nesse mesmo movimento teríamos menos da metade dos casos que tivemos”, completou Starling.

Sobre a possibilidade de uma lockdown de 30 dias na capital mineira ou medidas ainda mais restritivas para o funcionamento do comércio essencial, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) não se pronunciou. “Esse é um assunto tratado com número, estamos estabilizando, graças a Deus, mas é um número alto (hospitalizações). Não dou entrevista sobre esse assunto”, concluiu.

No início do mês, o prefeito anunciou que o agravamento da pandemia obrigou a fechar a cidade pela quarta vez em um ano. Com uma ocupação de 81% dos leitos de UTI, a cidade estava com uma taxa de transmissão da Covid-19 em 1,16, o que significa que cada 100 contaminados transmitem o vírus para outras 116. Ao longo dos últimos 20 dias, o número chegou a 1,24. Atualmente, voltou para 1,16 e 105,7% das vagas de UTI ocupadas com pacientes internados por conta da doença.

Já o índice de isolamento social påassou de um média de 43,58% na primeira semana de março para 46,9% entre a última segunda e terça-feira, apontou o boletim da prefeitura. Somente aos domingos é que o número costuma ultrapassar a marca de 50% – a partir do próximo, somente farmácias poderão funcionar.

Em nota, a prefeitura não confirmou e nem descartou a possibilidade e disse que “juntamente com o Comitê de Enfrentamento à Pandemia da Covid-19, vem acompanhando os indicadores epidemiológicos e todo o cenário pandêmico para definir sobre os próximos passos para conter a Covid-19”.

Matéria replicada do portal: O TEMPO