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Vacina para Covid: Metade da população do Brasil não deve ter acesso de imediato

Membro da comissão médica da ABCVAC, Marcelo Daher, estima que, quando a imunização sair, cerca de 100 milhões de brasileiros terão que ser atendidos pela rede privada

Publicado por: , em 24/07/2020 - Categoria: SAúDE E BEM-ESTAR

Tempo de leitura: 2 minutos

Quando a vacina chegar, prioridade deve seguir os mesmos critérios da campanha de imunização da gripe, com destaque para idosos e pacientes com doenças crônicas | Foto: Lincoln Zarbietti – O TEMPO

A vacina da Covid-19 é a notícia mais esperada no mundo. Mas, quando ela realmente chegar, pelo menos metade da população brasileira não terá acesso à imunização num primeiro momento. Com base nos critérios de distribuição da vacina da gripe, o membro da comissão médica da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC), Marcelo Daher, estima que cerca de 100 milhões de brasileiros não conseguirão ser vacinados de imediato.

Segundo Daher, os cálculos consideram o cenário atual da doença no Brasil, levando em conta que cerca de 25% da população já tenha sido contaminada, entre os casos confirmados e previsões dos assintomáticos. “Como estamos falando de uma pandemia, onde o mundo inteiro espera pela vacina, não existem condições de produzir, nesse primeiro momento, o volume equivalente à demanda”, afirma.

O médico explica que, quando a vacina for liberada, a prioridade será do governo, que deve comprar doses para os grupos de risco, idosos acima de 60 anos e pacientes com comorbidades. “Esse público gira em torno de 50 milhões. Tirando os 25% supostamente já imunizados porque tiveram a Covid, sobram cerca de 100 milhões de pessoas que deveriam ser cobertas pela rede privada. Mas não sabemos como será a distribuição”, ressalta Daher.

O membro da comissão médica da ABCVAC explica que, até o momento, nenhum dos laboratórios que estão na corrida pela vacina fez contato com as clínicas. “Não existe ainda nenhuma possibilidade de reserva ou definição de como o mercado vai se comportar. O compromisso inicial é com o governo”, esclarece Daher.

“É importante frisar que, mesmo com a possiblidade da vacina, que abre a luz no fim do túnel, as pessoas não devem se descuidar. O que conhecemos até agora são as formas de prevenção. Então, devem continuar usando máscaras e mantendo o distanciamento social, para que, no ano que vem, possam aproveitar a vacina”, enfatiza o médico.

Laboratórios

O CEO da rede de laboratórios São Marcos, Ricardo Dupin, afirma que o grupo está atento ao desenvolvimento das novas vacinas contra a Covid-19, mas, até o momento, nenhuma das iniciativas em curso tem previsão real de entrada no mercado ainda em 2020. “Também ainda não há informações sobre o preço de venda da futura vacina , nem sobre os quantitativos que estarão disponíveis para cada um dos mercados. Tão logo haja uma política pública para compra e distribuição, tanto no serviços públicos, como nos privados, o Grupo São Marcos estará engajado na solução de imunização da população”, afirma Dupin.

Por meio de nota, o Laboratório Lustosa ressalta que acompanha os estudos que estão sendo realizados em institutos de pesquisa de todo o mundo, para que possa oferecer a vacina assim que ela for validada e disponibilizada. “No entanto, no momento, não há uma previsão para o fornecimento das vacinas na rede privada. Como se trata da maior pandemia dos últimos 100 anos, acreditamos na efetiva participação do setor privado na imunização da população”, diz a nota.

Matéria replicada do portal O Tempo